Brechó Natalino 2010, uma ação pelo bem do Projeto Cambuquira
Realizado de 2 a 5 de dezembro, em São Paulo, com roupas e materiais usados e novos, arrecadados de amigos e parceiros da STOP
As doações obtidas para mais esta edição do Brechó Natalino, promovido pela Associação Keppe & Pacheco, através da STOP à Destruição do Mundo, mostrou que a união das pessoas que se sensibilizam em ajudar o próximo é a maior motivação para sua realização. É uma resposta de que através desta simples ação também se está ajudando os que participam a entenderem o valor da solidariedade, a se desapegarem de coisas que não usam e compartilharem com o próximo por meio de cada peça oferecida.
Em 2010, o Brechó aconteceu de 2 a 5 de dezembro, no pátio da unidade Rebouças, da Escola de Línguas Millennium, em São Paulo, sob a coordenação da gerente administrativa Celi Fragomeni e equipe de pessoas que também ajudaram na logística necessária como organização, captação de doações, novas e usadas, de roupas, sapatos e itens de casa, triagem do que estava em boas condições de uso, divulgação, montagem do evento, vendas, transporte. Todos os envolvidos são voluntários, simpatizantes pela causa desta ação no bem. As doações foram recebidas nas quatro unidades desta escola e sede da Associação.
“Muitas pessoas me falam que consideram o Brechó como uma tradição da STOP. Ele existe com a finalidade de angariar fundos para ajudar na divulgação da ciência Trilógica e na aplicação desses conceitos no trabalho, através de seus projetos”, opina Celi.
Destino benemerente
Toda renda arrecadada e as doações que sobram do Brechó são revertidas em prol dos projetos da Associação, entre os quais o Projeto Cambuquira, em Minas Gerais. Esse Projeto engloba várias ações, onde a prioridade é finalizar a constituição da Universidade Livre Keppe & Pacheco, um centro de formação artística e profissional para crianças, jovens e adultos cambuquirenses, com vários cursos dirigidos à comunidade em exclusão social e necessidades de capacitação. Já são oferecidos cursos de Corte e Costura, de Fabricação de Tijolos, de Dança, de Piano, de Pintura, de Mosaico e de Canto e Música com ensino de Instrumentos de Percussão, todos gratuitos, e realizados com materiais doados. Os professores, brasileiros e estrangeiros, são voluntários bem como os demais profissionais envolvidos.
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Também é o foco do Projeto Cambuquira promover a estética da cidade na arquitetura, paisagismo e projetos artísticos e sociais. Muitos trabalhos já foram realizados com a mão de obra dos próprios moradores que participam interessados na proposta. O visual da cidade já mostra uma melhora desde quando o projeto iniciou, em 2007.
Como incentivo ao trabalho que eles executam, feito em benefício da cidade e deles próprios, os moradores participantes do Projeto recebem o pagamento em Trino*, que é utilizado depois por essas pessoas no Mercatrino, mercado social que funciona uma vez por mês, com ajuda de voluntários, quando os cambuquirenses compram com os Trinos recebidos, a preços irrisórios, mantimentos, roupas, acessórios, em grande parte angariados por doações.
Celi observa que este evento é importante não só pelo recebimento das doações das roupas e objetos a serem vendidos, mas também pela própria ação em si. “Destaco também o trabalho e a dedicação do nosso grupo. “Além de proporcionar alegria, satisfação para as pessoas que compram, é uma realização poder oferecer um pouco do muito com que fomos agraciados, inclusive a oportunidade de aplicar no que estamos fazendo o entendimento obtido do que a Trilogia vem nos ensinando”.
Satisfação de mão dupla
O Brechó Natalino já tem um público cativo nos cinco anos em que é realizado e que aumenta a cada ano. Até já se criou o hábito dessas pessoas se cumprimentarem, num clima de amizade, quando se reencontram anualmente com os conhecidos e organizadores. Muitos são trabalhadores da própria região do bairro e do shopping em frente à escola. Quando ficam sabendo que vai acontecer o Brechó espalham a notícia entre os amigos e família. Ficam alegres, ansiosos. Dizem que é uma chance de fazer boas compras a preços bem baratos de roupas, sapatos, acessórios e utilidades domésticas, e que isso ajuda muito no orçamento.
Uma cliente, a vendedora Elaine, é um exemplo disso. “Escolhi essas roupas lindas e guardem essas duas malas para mim que pego amanhã. Estão novas! Veja minha conta. Estou me separando do marido e vou usá-las para fazer a mudança”, disse ela a uma das voluntárias atendentes. A moça voltou no outro dia para pegar as malas, toda vestida das roupas compradas, tamanha era sua satisfação. E no dia seguinte também retornou com as filhas e amigas para outras compras, vestidas com mais outras roupas compradas no Brechó.
Outra situação a ser registrada foi a do senhor Antônio. Depois de receber um panfleto na passarela do shopping, ele chegou ao Brechó no domingo, 5, pedindo ajuda para escolher roupas para ele. Mariana Lotufo, voluntária que o atendeu, lembra que ele disse precisar muito de roupas. “Ele ficou emocionado de ter conseguido compra um saco cheio por R$ 30,00. Vi lágrimas em seus olhos.” O segurança que presenciou a cena comentou que ficou surpreso com o bom atendimento que as pessoas recebem no Brechó. “O espírito trilógico em servir ao próximo, fazer o bem, ver a satisfação de quem recebe, nos motiva neste trabalho”, opinou Mariana.
Ela também se lembra do caso do José, um rapaz de cerca de 30 anos, que todos os anos vêm ao Brechó e compra muitas coisas. “Toda vez ele fala que está comprando coisas muito boas e são presentes para distribuir para a família e os vizinhos e sai carregado de sacolas”, conclui a voluntária.
Celi diz que com esse trabalho ajudamos as pessoas a compartilharem com o próximo através de suas doações. “Também a entenderem o sentido do trabalho por um ideal maior e das pessoas terem a oportunidade de adquirirem o que necessitam. Ano após ano temos tido a oportunidade única de colocar em prática aquilo que aprendemos nessa ciência. Tem sido muito enriquecedor para nossas vidas”, conclui a coordenadora do evento.
* Trino: Entenda-se por “Trino”, o papel de controle para distribuição de alimentos, roupas e calçados, materiais escolares e de escritórios, serviços em geral (manicure, cabeleireiro, aulas particulares de idiomas, arte e reforço escolar), bens de uso geral (utilidades domésticas, ferramentas, eletrodomésticos), recebidos através de doações. Esse papel de controle é considerado um instrumento de desenvolvimento local, destinada a beneficiar o mercado de trabalho dos grupos que participam da economia da localidade. Seu uso é restrito à comunidade, e a sua circulação beneficia a redistribuição dos recursos na esfera da própria comunidade. O aumento da quantidade desse papel corresponde ao aumento das transações realizadas pelos participantes da economia local. Sua criação se inspira nos conceitos da economia solidária de articulação e trocas da economia, na produção e comercialização de produtos que vai além da lógica capitalista, por beneficiar a comunidade local e trazer desenvolvimento.